Compromisso com jovens
Formado em Teologia e Filosofia pela Universidade de Milão, na Itália, o padre Renato Chiera recebeu, há 33 anos, um convite da Igreja Católica para conhecer o Brasil. Ao ver crianças morrendo nas garras da violência ou destruídas pelas drogas, desistiu de voltar para seu país de origem e resolveu se dedicar a salvar vidas na Baixada. Fundador da Casa do Menor São Miguel Arcanjo, em Nova Iguaçu , ele já conseguiu retirar das ruas mais de 35 mil jovens abandonados e, por isso, é a oitava personalidade a receber de O DIA a medalha ‘Orgulho do Rio’.
Ao receber a premiação comemorativa aos 60 anos do jornal, o padre também ganhou o carinho e os aplausos de jovens que estão sob a tutela da instituição. “O reconhecimento vem provar que estamos no caminho certo. O que esses meninos e meninas precisam não é apenas de um tratamento médico ou psicológico para abandonar as drogas e a vida de crimes. Acima de tudo, eles precisam de amor e exercer o direito de serem respeitados”, declarou.
A maior parte da verba que ajuda a manutenção e pagamento dos funcionários das diversas unidades da Casa do Menor espalhadas pela Baixada Fluminense, Região Serrana e em outros estados vem de doações do exterior. O padre estuda a possibilidade de conseguir um sítio para abrigar crianças de 7 e 8 anos, viciadas em crack.
Trajetória
O padre Renato chegou ao Rio em 1978 e seguiu imediatamente para Miguel Couto, em Nova Iguaçu , onde, durante cinco anos, atuaria como pároco na localidade de Cruzeiro do Sul. Ele hoje dá uma gargalhada quando lembra que, um dia, o seu grande sonho era lecionar Filosofia na Itália. Ele agora só viaja para lá esporadicamente, para não perder o contato com os parentes. “Adotei os filhos do Brasil e eles me adotaram. Quero permanecer aqui para sempre. Até mesmo depois da morte”, anuncia.
Na ditadura militar, luta para que lavradores conseguissem ter terra
Na ditadura militar, o Padre Renato engajou-se também no movimento de lavradores que enfrentavam as autoridades na luta por um pedaço de terra. “Pertenço a uma família de camponeses. Na minha aldeia (Villa Nova Mondovi, próxima a Turim, no Norte da Itália), qualquer pedacinho de terra é sagrado para que possamos semear o alimento de amanhã. Aqui no Brasil, existem essas terras abandonadas. E quando um grupo de lavradores lutava para ocupar um terreno que ninguém queria, era humilhado pelas forças militares. Eu não conseguia ficar quieto em ver tamanha injustiça. Pegava meu megafone e dizia para eles (os militares): em vez de espancá-los, vocês deveriam dar uma medalha para eles!”, lembra dos idos de 1982, quando picharam as paredes de sua paróquia e escreveram em letras garrafais vermelhas: ‘Padre comunista’.
Hoje ele luta para conseguir mais verba para seu projeto: “Os professores das oficinas profissionalizantes têm que receber; assim como os pais e mães sociais, que cuidam dessas crianças. Precisamos comprar mantimentos”.
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Na ditadura militar, luta para que lavradores conseguissem ter terra
Na ditadura militar, o Padre Renato engajou-se também no movimento de lavradores que enfrentavam as autoridades na luta por um pedaço de terra. “Pertenço a uma família de camponeses. Na minha aldeia (Villa Nova Mondovi, próxima a Turim, no Norte da Itália), qualquer pedacinho de terra é sagrado para que possamos semear o alimento de amanhã. Aqui no Brasil, existem essas terras abandonadas. E quando um grupo de lavradores lutava para ocupar um terreno que ninguém queria, era humilhado pelas forças militares. Eu não conseguia ficar quieto em ver tamanha injustiça. Pegava meu megafone e dizia para eles (os militares): em vez de espancá-los, vocês deveriam dar uma medalha para eles!”, lembra dos idos de 1982, quando picharam as paredes de sua paróquia e escreveram em letras garrafais vermelhas: ‘Padre comunista’.
Hoje ele luta para conseguir mais verba para seu projeto: “Os professores das oficinas profissionalizantes têm que receber; assim como os pais e mães sociais, que cuidam dessas crianças. Precisamos comprar mantimentos”.
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